sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Mulher X oficina - meu último Volkswagen

Capítulo 1

Se você é mulher, já deve saber que mulher não é muito levada a sério em oficina em geral - e na assistência técnica de concessionárias também não.

Há mais ou menos um mês, cheguei na assistência com a reclamação de que meu carro (novo, 7 mil km) estava fazendo um barulho que não era normal. O gerente e um consultor sênior foram dar uma volta comigo para identificar o barulho.

A concessionária fica no aeroporto, onde, além do barulho dos aviões e do tráfego intenso, ainda há o agravante de que o asfalto é poroso. Resultado: diagnosticaram um barulho normal de trepidação do câmbio. O consultor chegou a sentenciar que hoje em dia, como os carros saem de fábrica cada vez mais "pelados", o barulho deveria ser em decorrência da falta de isolamento acústico.

Não fiquei convencida pois já tive diversos carros, inclusive um idêntico àquele, com o mesmo motor, que nunca havia dado problema. Fui pra casa insatisfeita e me sentindo "a mulher burra que não sabe nada de carro".

Capítulo 2

Em mais um mês rodando com o veículo, me chateando diariamente com o barulho semelhante a estar andando de marcha-ré, não aguentei e voltei na concessionária, desta vez com horário agendado na oficina.

Cheguei disposta a largar o carro lá, com o celular no modo gravador de voz, dizendo: "Para a minha segurança, igual em central de atendimento, esta conversa está sendo gravada. Não tenho pressa, podem ficar com meu carro o tempo que precisarem, podem dirigi-lo, levá-lo pra casa, enfim, descubram o que há de errado. O barulho não é normal. Deixei de pegar a estrada duas vezes por não confiar no carro. De que adianta ter um carro novo se não se confia no carro? Infelizmente sou refém de financiamento. Se me pagassem o que já gastei com as prestações dele, sairia daqui feliz da vida, sem ele. Não estou nada satisfeita."

O consultor não entendeu eu estar levando o carro lá fora do prazo de revisão. Expliquei que queria uma avaliação técnica, que um mecânico avaliasse freio, embreagem, câmbio e, por fim, se não achasse nada, olhasse o motor. Eu achava que não pudesse ser suspensão pois o barulho já começava logo depois de dar a partida no motor. Nada o convencia a dar entrada no veículo. Fomos dar a fatídica voltinha, acompanhados do gerente que me atendera na primeira vez.

O gerente, ao volante, saiu do estacionamento conduzindo de maneira macia, nada tremia, nada fazia barulho, o carro nem parecia estar andando. "O senhor me deixa dirigir?", indaguei-o. "Claro", concordou, parando o carro. Tomei o volante e saí pelo pátio esticando as marchas como faço no dia a dia, freiando, fazendo curvas mais rápidas, colocando o pé na embreagem em movimento, para mostrar-lhes todas as situações em que o barulho se fazia notar. Penso que os dois ficaram tensos com a velocidade na qual conduzi o veículo no pátio interno da concessionária. Ao som do enjoado barulho, perguntei-lhes: "ESTE barulho é normal? é normal? Porque se for normal, se vocês me disserem que é normal, tudo bem. Só que eu quero isso por escrito, num laudo, pois se acontece algo comigo, ou se uma peça qualquer sofrer desgaste em decorrência do problema, eu terei como provar que estive aqui reclamando".

Depois de algumas voltas "aceleradinhas", o gerente disse para voltarmos para a oficina. Ao pararmos, ele determinou que dessem finalmente entrada no carro. Falou algo no ouvido do consultor sênior que me atendera na primeira vez e que não participou desta segunda voltinha. O consultor sênior dirigiu-se a mim, dizendo: "parece que o barulho aumentou... eu acho que eu tenho esse rolamento aqui. Não se preocupe, nós vamos arrumar direitinho o seu carro".

Custava avaliar o problema na oficina, desde a primeira queixa?

Hoje ligaram dizendo que a peça teve que ser encomendada. Não há previsão de quando o carro estará pronto.

Queridas amigas, não recomendo Volkswagen para ninguém. Comprem Honda! Meus amigos homens também devem concordar que Honda é mais carro.

Capítulo 3 - conclusão

Depois de uma semana a pé, voltei para buscar o carro. Estava sem o barulho. Mas com diversas avarias na lataria. Resultado: tive que reclamar e exigir que consertassem. Não deixei o carro imediatamente visto que era sexta e não queria mais deixar o carro durante fins de semana. Agendei para levá-lo na semana seguinte.

O saldo de tudo isso é negativo. Nunca mais volto nesta concessionária nem recomendo pra ninguém. Soube que conhecidos também tiveram problemas com eles: estofamento manchado, carro amassado, enfim, estão ficando conhecidos pela falta de cuidado com os carros e pela falta de respeito com os clientes.

Não entendo realmente como uma concessionária assim pode sobreviver e manter-se como uma das mais tradicionais da cidade. Lamentável.

Cansada de uma série de problemas que tive com um carro novo - o ruído apareceu com 7000 km, concluo que Volkswagen é bonitinho, macio, gostoso de dirigir, mas não é tão barato como dizem (de tão frágil que é), e nem tão carro quanto Honda.

Assim que terminar de pagar este meu último Volkswagen, certamente vou voltar pra Honda.

Um comentário:

vbserra disse...

Ainda bem que vc aprendeu a falar no mesmo tom deles, lembra do tempo na Franca? A mulher no Brasil ainda precisa aprender a falar assim. Em lugares reservados aos homens - pelo machismo - só se abre espaco quando se usa os cotovelos! Parabéns por lutar pelo seu espaco. Beijos, mamae