sábado, 5 de julho de 2008

Dependência

Outro dia, numa festa na casa de um amigo, vi um homem de meia idade que me chamou a atenção. Sua alegria era contagiante. Cheio de amigos à sua volta, bem sucedido na profissão, conhecido em seu meio, aparentemente admirado por todos. Pensei: “que pessoa legal”.

Soube, tempos depois, que aquela alegria não refletia a realidade. Contaram-me que bebe demais, perde a memória, arrisca-se, dá vexame na noite. Fiquei triste por ele. Alguém com tudo para ser feliz simplesmente se coloca a perder, foge de si mesmo, se entrega.

Não consigo entender... ou será que consigo? Será que a dependência é a mesma que às vezes admito ter por doce? Não pode ser... não me lembro de ter perdido a memória matando “aquela” lata de leite condensado... fico apenas com um grande peso... na consciência, é claro.

Carência por carência, todos somos um pouco carentes. As fugas é que variam. Escrever pode ser uma delas, assim como dançar, tocar um instrumento, pintar. No entanto, quando a fuga implica em perda de consciência, em prejuízo da saúde, será que é válida? Tem coisa mais preciosa na vida do que a consciência? Sem ela, não realizamos nem curtimos os prazeres da vida!

Fugir, perder-se, diminuir-se, matar-se, isso lá é viver?! Não se depende de droga ou álcool, mas unicamente de si mesmo.

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