O fato: às terças-feiras e domingos, de 19h30 às 22 horas, um grupo de evangélicos fervorosos reúne-se numa sala de aula de uma escola pública situada numa região residencial.
A polêmica: venho a vós para clamar pelo direito à paz e a não acompanhar nenhum credo enquanto estiver dentro de minha casa.
Respeito a crendice e a credulidade dos indivíduos mas não considero apropriado fazer tal uso de um espaço escolar, a duzentos metros de um prédio residencial, sem qualquer isolamento acústico, ainda mais quando a oratória atinge altos índices de decibéis. Para o agravamento da situação, o cantor entusiasmado utiliza um microfone numa pequena sala...
Pela liberdade de credo, evidentemente não nos cabe questionar a repetição, a incoerência de certas expressões empregadas, o tom agressivo e gritante da fala, as constantes referências ao mal e ao satanás, os apelos pelo dízimo para construir a nova igreja – lamento mas ouço cada palavra sem querer e sem fazer qualquer esforço, mesmo com as janelas fechadas.
Faço sinceros votos para que consigam rapidamente atingir o objetivo e partam para um local mais adequado. Ou que a direção da escola entenda como errada a concessão do espaço para esse tipo de atividade. O ensino público é por princípio laico e a utilização do espaço escolar para outras atividades, em horários após o expediente, deveria ser condicionada a uma consulta prévia aos moradores locais.
Pela paz, pelo sono, pelo descanso, oro e apelo ao uso do bom senso.
Brasília, 2006.
2008: 2 anos depois, os evangélicos deram um tempo. Convém sempre lembrar que o Estado é laico e escolas públicas - principalmente se localizadas em área residencial - não são igreja.
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